abr 21, 2017 blogsadm Tratamento de Água Sem comentários

Diminuição da concentração de alumínio dissolvido nas ETAP através da utilização de CO2

Nas estações de tratamento de água potável (ETAP), um dos processos físico-químicos de tratamento de água necessários para a sua clarificação é a coagulação/floculação com sais de alumínio. Em determinadas águas, este processo pode provocar uma concentração de alumínio residual que ultrapassa os 0,2 mg/l, o valor limite estabelecido pelo Real Decreto 140/2003 e respetiva emenda, o Real Decreto 314/2016.

O alumínio presente e/ou transportado para uma estação de tratamento de água encontra-se no estado particulado e/ou dissolvido na água. Por ser insolúvel, o particulado elimina-se facilmente no processo de decantação e é o que provém da água bruta. O alumínio dissolvido, dificilmente decantável, é o alumínio trazido pelos coagulantes e existe em maior proporção, ou seja, praticamente todo o alumínio residual que se encontra na água tratada é o alumínio adicionado durante o tratamento.

Para resolver esta problemática e manter as concentrações de alumínio abaixo destes valores, ficou demonstrado que a melhor opção é controlar o pH alvo da coagulação através de CO2 (dióxido de carbono), uma vez que esta opção aumenta a eficiência do coagulante e do processo e minimiza a dosagem dos sais de alumínio, o que se traduz numa redução significativa da concentração de alumínio dissolvido.

DOSAGEM E FUNÇÃO DOS POLICLORETOS/SULFATOS DE ALUMÍNIO

Os compostos do alumínio (policloretos e sulfatos), utilizados em processos de tratamento de água como coagulante e responsáveis pela clarificação da água, devem ser utilizados num intervalo de pH que oscila entre 6,5 e 7,5 (Gráfico 1), procurando a solubilidade mínima do hidróxido metálico precipitado, ou seja, se o pH estiver nesse intervalo, o alumínio é menos solúvel e, portanto, esse é o seu intervalo de trabalho, de coagulação, ideal. A partir deste intervalo, quanto maior for o pH, mais o policloreto de alumínio utilizado diminui a riqueza de AL2O3, aumentando, portanto, a dose e reduzindo a eficiência.

Existem vários casos em que a água de captação tem um pH superior ao intervalo ideal de coagulação mencionado, logo, para conseguir alcançar a máxima eficiência e evitar a formação de alumínio dissolvido, é necessário diminuir o pH.

Gráfico 1. Compostos de alumínio presentes em função do pH e dose de coagulante com pH ideal face à turbidez da água

Tal como mencionado anteriormente, uma vez que é evidente que o alumínio residual da água tratada provém na sua maior parte do alumínio dissolvido (que, por sua vez, resulta do processo de coagulação) e para evitar a sua formação, é necessário diminuir o pH da água de entrada. Para atingir este objetivo, as ETAP recorreram a diferentes formas de trabalhar:

Dosear menos coagulante, menos compostos de alumínio, obtendo-se logicamente uma água turva e mantendo o excesso de alumínio, uma vez que este não floculava corretamente (Gráfico 2, fora do intervalo ideal do pH de trabalho).


Gráfico 2. Valores de concentração de alumínio obtidos segundo o pH

Dosear mais coagulante do que o necessário para que este atue como agente acidificante e não para melhorar a coagulação, obtendo-se igualmente um excesso de alumínio residual acima dos limites.

Modificar o pH antes do intervalo ideal de coagulação (normalmente, 6,5 – 7,5) através de CO2, que atua rapidamente como agente neutralizante em contacto com a água ao formar ácido carbónico, evitando a formação de alumínio dissolvido e “permitindo” ao coagulante atuar com a máxima eficiência e a mínima dose possível. Além disso, por ser um ácido fraco, é possível controlar o pH com precisão, sem perigo de acidificação nem risco de corrosão no seu manuseamento, sendo de fácil instalação, controlo e utilização.

Acidificar a descarga mediante a utilização de ácidos minerais (HCl, H2SO4, etc.). No entanto, devido à sua funcionalidade agressiva (ácido forte), é muito fácil diminuir excessivamente a descarga (abaixo dos 6,5), acidificando a água em excesso, e, entre outras consequências, ultrapassar o Índice de Langelier (conceito de que iremos falar mais detalhadamente em publicações futuras), dando lugar a uma água agressiva e provocando graves consequências na rede de distribuição de água. Além disso, a sua utilização requer instalações mais complexas, de maior investimento do que com CO2, e aumenta a probabilidade ou o risco de acidentes durante o seu manuseamento (queimaduras por salpicos, derrames, fugas, etc.), aumentando a condutividade da água tratada.

Gráfico 3. Redução do alumínio residual (na sua forma dissolvida) após a dosagem combinada de CO2 e policloreto de alumínio

Ao trabalhar o coagulante no seu intervalo de trabalho ideal, o processo será mais estável e eficiente, o que implica outras vantagens além da principal, como a otimização do processo de desidratação final dos lodos, pois permite uma melhor formação de flóculos e, por conseguinte, uma melhor desidratação com uma maior percentagem de secura e uma dose inferior de produto químico.

Portanto, diminuir o pH com CO2 para a redução do alumínio dissolvido é a melhor solução, sendo os benefícios qualitativa e quantitativamente demonstráveis sempre que se disponha das ferramentas e serviços necessários para o ajuste e controlo ideais do processo, o que permite à Nippon Gases minimizar os consumos e otimizar a eficiência.

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